“Podemos estar regredindo em importância no mundo”, diz Pochmann sobre Brasil cair para 12ª economia do mundo
“Podemos estar regredindo em importância no mundo”, diz Pochmann sobre Brasil cair para 12ª economia do mundo
Revista Fórum
Lucas Rocha
O economista Marcio Pochmann, professor da Unicamp e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de 2007 a 2012, nos governos de Lula e Dilma, criticou o desempenho econômico que fez o Brasil sair da lista das 10 maiores economias do mundo e chegar à 12ª posição em ranking da Austin Rating, divulgado na quarta-feira (3).
“Podemos dizer que estamos contabilizando o 8ºano em que a economia brasileira não consegue apresentar aumento da produção considerada a sua população. O que significa dizer que nesse início de 2021 o Brasil está quase 8% menor do que havia sido em 2014, por exemplo. Portanto, o Brasil começa a fazer parte do pelotão dos países de pior desempenho econômico”, disse Pochmann à Fórum.
O economista aponta que ao longo do século passado, o Brasil esteve entre as economias de maior dinamismo econômico. “A cada 7 anos o Brasil conseguia dobrar a atividade produtiva, crescer os empregos e, ao mesmo tempo, criar oportunidades para mais brasileiros. A partir da segunda metade da década passada, o Brasil entrou em uma etapa desconhecida, uma fase de regressão econômica”, avaliou.
Para o professor da Unicamp, a explicação para esta queda vem das opções que os governos vem fazendo desde o golpe de 2016. “A opção por um receituário neoliberal, que vê o estado como a razão de todos os problemas brasileiros e com isso a destruição do estado, vem impossibilitando o Brasil a voltar a crescer”, disse. “É fundamental reverter essa opção governamental porque, do contrário, tenderemos a seguir essa trajetória iniciada há algum tempo atrás, a trajetória da regressão”, completou.
Essa regressão continuará em 2021, como apontam a própria projeção da Austin Rating, que derruba o país para 14ª economia ao fim do ano. Para Pochmann, isso tem impacto direto na importância geopolítica do país e nos próprios investimentos externos do país. podendo estimular a fuga de multinacionais, como já vem ocorrendo.
“Possivelmente, em 2021 a economia brasileira não registrará crescimento significativo de acordo com, pelo menos, a população e podemos estar justamente regredindo em termos de importância no mundo, como já apontam as projeções quando se compara o Brasil em relação aos demais países. Isso significa também considerar que não apenas o capital estrangeiro foge do Brasil, como também grandes empresas estrangeiras que vieram há algum tempo apostando na prosperidade brasileira e que agora, sem um horizonte de futuro satisfatório, podem buscar em outros países o que não aqui não encontram”, analisou.
“É hora de pensar refletir o que o Brasil tem alternativa mas para isso precisa de uma outra maioria política”, finalizou.